Saints Row The Third é exagero de violência e diversão

Violência, prostituição, drogas e personagens vestidos com roupas provocantes (ou nenhuma). Após dois jogos dispensáveis, Saints Row encontrou o caminho para se diferenciar de GTA o suficiente para ganhar personalidade própria. O novo episódio da série exagera em tudo, principalmente na diversão.

“Saints Row The Third é um parque de diversão para adultos”, como define os produtores. Uma cidade inteira para passear e criar caos, nada de ser politicamente correto ou seguir regras. No papel do líder da gangue de rua 3rd Street Saints, é necessário defender a posição que o grupo conquistou nos últimos dois jogos – deixando de ser apenas uma gangue e se transformando em uma incrível marca publicitária. A cidade fictícia Stillwater está repleta de cartazes e publicidades dos Saints, mostrando que eles alcançaram um nível incrível de popularidade e importância.

Mas muita popularidade gera inveja dos adversários, e três outros grupos vão tentar tirar o poder das mãos dos Saints. Você, claro, não pode deixar que isso aconteça.

O enredo é bem simples e serve como plano de fundo perfeito para dar ao jogador tudo que ele quer: poder. Ao contrário de GTA e demais jogos do gênero Sandbox, os momentos mais absurdos e controle das armas mais divertidas não ficam restritos somente ao final do jogo. Desde o começo, você poderá destruir tanques, aviões, helicópteros com as mais variadas armas. O mais impressionante é que quando você acha que já alcançou o nível máximo de armas de destruição, novos e divertidos elementos são apresentados.

E a velocidade em que as coisas acontecem é uma virtude de The Third. O jogo a todo momento te coloca em situações absurdas, como cair de um avião e continuar atirando em inimigos em queda livre ou resgatar prostitutas em um navio cargueiro. Os objetivos beiram o ridículo em boa parte das vezes, mas não levar o game a série é a chave para se divertir ainda mais.

As opções de customização de personagens são enormes. Assim como o antecessor, é possível criar homens ou mulheres e misturar suas roupas e acessórios. Quer criar uma versão realística sua? Ok, é possível. Quer criar gordão com sunga verde, cabelo rosa, sutiã e botas de couro? Também é dá. O nível de personalização permite que o jogador escolha se quer levar o game mais ou menos a sério. O melhor é que ambas as decisões funcionam muito bem.

A parte técnica de Saints Row 3 impressiona. Os visuais são muito bonitos, deixam o fotorrealismo de GTA IV de lado para unir muitas cores e brilho em gráficos menos descompromissados. Isso sem falar na trilha sonora de primeira, que com ceretza é um dos grandes destaques positivos.

A jogabilidade não adota o sistema de cobertura, deixando os tiroteios mais intensos e perigosos. Isso estimula que você aja inconsequentemente, correndo e atirando para cima dos inimigos. Se você dominar as armas e adquirir os upgrades certos poderá fazer isso sem morrer muito – o que é irreal, mas ainda sim divertido.
Saints Row 3 realmente é um parque de diversão. Existem várias atividades a serem cumpridas entre as missões principais e um arsenal enorme para realiza-las das formas mais incríveis. Por que ir a pé se você pode usar um jato-conceito do governo? É mais ou menos por essa linha exagerada que o jogo segue a cada nova missão.

O problema é que, mesmo com ótimas atuações dos dubladores, Saints Row The Third peca em conquistar o jogador pelo enredo. As fases são divertidas, mas de tão absurdas as desculpas para cada uma delas não colam. Isso torna os diálogos e cutscenes extremamente descartáveis. Mesmo não se levando tão a sério, era possível criar cenas mais longas e melhor trabalhadas. Ficou a impressão que elas foram feitas apenas para seguir a linha GTA — mas nisso o gigante da Rockstar continua insuperável.

Saints Row 3 é uma das mais agradáveis surpresas do ano. Ultrapassando 12 horas de campanha principal, você vai se pegar rindo dos absurdos apresentados a partir do meio do jogo. O começo um pouco mais lento pode até desmotivar, mas a diversão fica cada vez melhor conforme você entende o espírito da coisa.

O segredo para não se ofender é não levar a sério. Saints Row 3 é uma paródia de si mesmo e dá ao jogador o poder para fazer o que quiser e como quiser. Como se pudéssemos pular a parte burocrática dos Grand Theft Auto e adicionar boas pitadas de insanidade. Nós gostamos muito disso.

Saints Row 3 já está disponível no Brasil por R$199, distribuído pela Arvato Games.